sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Jorge Amado: 100 anos a escrever o Brasil

   O Lusografias celebra, hoje, o centenário do nascimento do escritor Jorge Amado.  São várias as iniciativas que assinalam a data, entre as quais destacamos a exposição da Biblioteca Nacional ("Jorge Amado em Portugal"), sobre a receção (polémica) da sua obra, nos anos trinta, no nosso país.  




 A Fundação José Saramago propõe um dia de festa, com exibições de capoeira, leituras públicas e comida brasileira (nos restaurantes vizinhos) - uma explosão de alegria para homenagear o escritor que festejava a vida em todos os seus romances.












 O Jornal de Letras publica uma edição especial:


 Vale também a pena visitar a sua Fundação, na Baía (clicar na imagem, para aceder à página):


Deixamos um vídeo muito curioso; nele Jorge Amado atribui o seu gosto pela leitura a um professor português, o Padre Gonzaga Cabral, que anteviu no talento precoce do aluno o génio de futuro escritor...



 No seu livro de memórias, confessava, sobre a leitura:

"Se devoro livros até hoje, eu o devo ao pai Dumas, o mulato Alexandre, foi ele quem me deu o gosto de ler, o vício: aos onze anos encontrei abandonado no navio para Itaparica o exemplar de Os Três Mosqueteiros, contraí o vírus da leitura para sempre.
Devo a Rabelais e a Cervantes, deles nasci. Devo a Dickens: me ensinou que nenhum ser humano é de todo mau, a Gorki: me deu o amor aos vagabundos, aos vencidos da vida, os invencíveis. Devo a Zola, com ele desci ao fundo do poço para resgatar o miserável, a Mark Twain devo ter soltado o riso, arma de combate, a Gogol, o nariz, as botas e o capote.
Devo a Alencar o romantismo e a selva, a Manuel António de Almeida a graça da picardia, do burlesco, na praça do povo soltei o verbo com Castro Alves, denunciei a infâmia, com Gregório de Matos aprendi a generosidade do insulto, fui boca de inferno, cuspi fogo, pela sua mão descobri as ruas da Bahia, o pátio da igreja (...).
Devo ao cronista anónimo do Mercado, ao contador de casos da feira de Água dos Meninos, ao trovador devo o arroubo, a invenção ao mestre de saveiro: namorou Yemanjá nas cercanias da ilha de Itaparica, dormiu com Oxum no leito de águas mansas do rio Paraguaçu, possuiu Euá na cachoeira de Maragogipe, derrubou-a na fonte de caracóis e pétalas de rosa. É necessário saber e inventar.
Devo ao poeta de cordel, devo."
Jorge Amado, Navegação de Cabotagem


E, por fim, algumas das capas dos seus livros mais conhecidos: 





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